29 janeiro 2009

1946-2009: a multiplicação dos "sete palmos de terra"


Sou pacifista por natureza, faz parte da minha essência. Até gosto – no sentido positivo do termo - de uma boa discussão, bem argumentada, da estimulante troca de palavras, mesmo que acesa e sem possibilidades de consenso. Mas violência física, verbal ou de qualquer outro tipo, é algo que organicamente rejeito. Acho mesmo que não conseguiria sobreviver emocionalmente a uma situação de guerra. Felizmente nem sei bem o que isso é.
Mas imaginemos que um qualquer governo do mundo que não o nosso, eleito por nós - e acreditando que isso ainda faz a diferença – despejava no nosso quintal um povo de cultura completamente diferente (e diferente não significa melhor nem pior) que desatava a apropriar-se da nossa terra e bombardear tudo o que para nós tem valor. Imaginemos que em cerca de 50 anos o nosso território ficava, por isso mesmo, reduzido às zonas do Minho e Trás-os-Montes (confesso que não sei se a proporção será correcta): perdíamos a capital, Fátima, o acesso a todo resto da costa e às terras mais férteis, sem poder viajar – para comprar bens ou simplesmente visitar um familiar - sem passar por postos de controle altamente armados e que insistem na humilhação de quem detém um poder arrogante por superioridade militar. Sugiro ainda que imaginemos não ter mais nada do que calhaus para nos defendermos de tanques e que, apesar do caos, conseguíamos organizar eleições para um governo, democraticamente eleito mas “reprovado” pela generalidade da comunidade internacional.
Caramba, até Cristo expulsou os vendilhões do templo! O meu avô disse-me um dia que a coisa material mais importante que se pode possuir é a terra. Acho que percebo o que ele – que nada tinha de latifundiário – me queria ensinar: é dela que vem a comida, o petróleo e consequentemente a sobrevivência e a prosperidade. Se exponenciar esta lição à amplitude de todo um povo sem terra, confesso que começo a questionar o que é a paz…

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